"Porto dos Gaúchos poderá ter novos abalos" diz caçador de terremotos.
Duas cidades no interior de Mato Grosso registraram terremotos neste mês. O primeiro sismo ocorreu no dia 9, em Araguaiana (570 quilômetros de Cuiabá), com magnitude de 3.2 graus na escala Richter. Dois dias depois, Porto dos Gaúchos (474 quilômetros da Capital) teve um tremor de 2.1.
Em entrevista ao MidiaNews, o operador de áudio cuiabano Aroldo Maciel, de 44 anos, conhecido como "caçador de terremotos", afirmou que esses abalos são comuns no Estado. E, conforme ele, apesar do Brasil ser um País seguro em matéria de sismo, podem ocorrer outros tremores maiores na região Norte de Mato Grosso.
A probabilidade, segundo Maciel, é que um abalo atinja novamente a Serra do Tombador, a 100 km de Porto de Gaúchos, onde há mais de 60 anos foi registrado o maior terremoto em solo brasileiro, com magnitude de 6.5 graus.
“Quando acontece um abalo sísmico em uma determinada região, há probabilidade de acontecer outro ainda maior. Qualquer geólogo sabe que aquela região pode ter em algum momento outro abalo”, disse.
Quando acontece um abalo sísmico em uma determinada região, há probabilidade de acontecer outro ainda maior. Aroldo Maciel orientou que as cidades próximas à serra comecem a pensar em construções anti-sísmicas.
“Porque se as cidades ali próximas forem crescendo, crescendo, vem um terremoto e pode matar centenas”, afirmou.
Diferente de Cuiabá - onde é quase um anônimo -, Maciel ganhou fama imensa no Chile desde 2012 por conseguiu antecipar – com antecedência de dias – a chegada de dez abalos sísmicos. Todos eles com magnitude acima de 6 graus. Além do Chile, conseguiu, segundo ele, antecipar tremores na Espanha, na Turquia, Equador e no Peru.
São mais de 200 mil seguidores no Instagram, entrevistas concedidas para quase todas as emissoras de TVs do País e até uma carta do ex-presidente Sebastián Piñera com agradecimentos pelos serviços prestados ao Chile.
Conforme Aroldo Maciel, os abalos sentidos no Estado foram resultado de um terremoto que ocorreu na Costa da Grécia, em julho, e segundo ele, está se dirigindo ao Sul do Chile.
A tese do operador de áudio é a de que terremotos geram outros terremotos. Eles caminham em linha reta de um ponto a outro, com intervalo de dias, dependendo da magnitude do evento.
Para prever o abalo, Aroldo Maciel faz uma conta entre o ponto do primeiro e segundo terremoto, divide o tempo entre eles pela distância e tem como resultado a velocidade do sismo.
“Aí eu sigo a linha e vou saber aproximadamente qual será o próximo evento”, explicou à reportagem.
A ideia surgiu após um churrasco entre amigos, em 2011. Na conversa, todos estavam arrasados com um terremoto que havia ocorrido no Japão com saldo de 20 mil vítimas.
“E naquele momento, eu questionei: Não é possível prever o terremoto? Todos responderam que não. Então, comecei a pesquisar sobre o assunto e, depois de mais de seis meses de estudo, descobri a existência de um padrão”, contou.
México
O último terremoto previsto pelo operador de áudio foi o de magnitude 7.1 que atingiu o México na terça-feira (19) e deixou mais de 290 mortos.
Aroldo Maciel deu uma entrevista por telefone para uma TV chilena no início de setembro para informar para onde terremoto que atingiu a Rússia, em julho, seguiria. Ele informou que o ponto final seria o México e que o abalo seria sentido em até 15 dias - e acabou ocorrendo após 18 dias.
O Governo mexicano não acreditou na previsão e chegou a publicar em uma rede social que era impossível prever terremoto.
“O governador fez um papel que, se fosse eu, também faria. Nós temos duas frentes de pensamento: eu quero que esse estudo seja validado. Então preciso prever o maior número possível de eventos. O Governo, por sua vez, não pode deixar que qualquer um comece a falar que vai ter terremoto, porque isso causaria pânico”, disse.
Para ele, no entanto, caso o Governo mexicano acreditasse em sua teoria, o número de vítimas poderia ser menor.
“A destruição é inevitável, mas era possível dizer às pessoas para cumprir as normas de segurança frente ao terremoto, que é ficar embaixo de uma mesa, pegar água, kit de emergência. Isso faria a diferença, com certeza”, relatou.
Críticas
Aroldo Maciel jamais havia estudado geologia – ou área correlata – para conseguir desenvolver a tese que defende e por isso é muito criticado por cientistas do mundo inteiro.
Para eles, é impossível prever com precisão quando virá um terremoto e muito difícil cravar a existência de um único padrão.
“Tem muito ego envolvido. A única pessoa sensata que eu encontrei até agora foi o doutor George França [pesquisador do Observatório Geológico da Universidade de Brasília], não porque ele entendeu, mas porque ele sentou para ver a proposta. Os outros não. Nunca leram e já classificaram minha pesquisa como inútil”, disse.
De acordo com Aroldo Maciel, a ciência não aceita que ninguém proponha algo novo sem citar outras pesquisas homologadas.
”Teve dois médicos da Austrália que apresentaram uma pesquisa de que a gastrite não estava relacionada ao consumo de determinadas coisas, mas sim a uma bactéria. Mas a Medicina caiu de pau neles. Por conta disso, um dos médicos foi lá, pegou um copo, colocou a bactéria e tomou. Depois fez a endoscopia e viu que todo o seu sistema digestivo está comprometido com as usuras. Ou seja, ele teve que usar de atitudes extremas para poder convencer a academia de que estava correto”, disse.
Mas as críticas não abalam o operador de áudio. Ele afirma que irá continuar seu monitoramento e publicar nas redes sociais quando há risco de tremores.
Fonte: Thaíza Assunção/midianews