Crimes de intolerância religiosa serão investigados em Mato Grosso.
A Secretaria de Segurança Pública (Sesp), por meio da Diretoria Geral da Polícia Judiciária Civil, designou o delegado Luciano Inácio da Silva como responsável para investigar crimes motivados por intolerância religiosa em Mato Grosso. A assinatura da portaria foi feita nesta quinta-feira (13.08) durante coletiva à imprensa, em Cuiabá.
No dia 28 de julho, um Centro Espírita foi incendiado por vândalos no município de Rondonópolis. Em Cuiabá, no dia 1º de agosto, uma casa que realiza cerimônia de umbanda teve parte de sua estrutura queimada. Agora, esse e outros casos que sejam motivados por intolerância religiosa serão investigados pelo delegado Luciano Inácio da Silva.
A prática de ataques à crença do outro é considerada crime, conforme a Constituição Federal, que declara que a liberdade de crença é inviolável, sendo livre o exercício dos cultos religiosos.
Na coletiva à imprensa, o secretário de Segurança Pública, Mauro Zaque, enfatizou a ação efetiva do Estado, através da Polícia Judiciária Civil, com relação à crimes motivados por intolerância religiosa. “Com o direcionamento da investigação desse tipo de crime, avançamos na proteção ao cidadão”, disse.
No início deste mês, representantes de centro espírita, candomblé e umbanda estiveram reunidos com o secretário de Segurança Pública, Mauro Zaque, pedindo apoio na investigação de crimes ocorridos no Estado, supostamente motivados por intolerância a cultos religiosos. “Somos um país e um povo livre. A Segurança Pública não vai tolerar qualquer tipo de perseguição de gênero ou religião”, enfatizou Mauro Zaque.
De acordo com o secretário, em regra, esse tipo de ocorrência chega na delegacia de polícia como desinteligência, quando na realidade se trata de um crime mais sério. “Todas as questões de intolerância religiosa não serão mais pulverizadas nas delegacias e, sim, direcionada ao delegado Luciano Inácio, que é uma pessoa reconhecida pelo trabalho desenvolvido na Polícia Civil nos casos mais complexos em Mato Grosso, como sequestros e novo cangaço”, comentou Zaque.
O presidente da Federação Nacional de Umbanda e Cultos Afro Brasileiro, Aécio Paniagua Montezuma, acredita que os crimes motivados por intolerância religiosa acontecem hoje em locais pontuais no Estado. “A designação do delegado, que é muito competente, veio em boa hora. Pois acreditamos que assim, daqui por diante, teremos uma redução das ações dessas pessoas que querem nos tirar do convívio político, social e religioso”, falou.
O delegado designado, Luciano Inácio da Silva, falou aos representantes que eles terão na Polícia Civil uma parceira. “Muitas religiões são incompreendidas e resultam na violência por parte dos intolerantes. Vamos centralizar essas informações para termos um norte e reprimir esse tipo de ação no Estado”, disse o delegado.
Currículo
O delegado Luciano Inácio da Silva atuou por 13 anos como chefe da Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCCO) da Polícia Judiciária Civil de Mato Grosso. Durante esse tempo de chefia, elucidou os principais casos de sequestros ocorridos entre os anos de 1996 a 2004 no Estado. Em 2009 ajudou a elucidar o sequestro do dono da loja de material de construção Todimo. O empresário Antônio Pascoal Bortolo permaneceu 17 dias acorrentado em cativeiro. Ele foi localizado após pagamento de resgate na região do Capão Grande, em Várzea Grande.
Luciano Inácio da Silva foi o primeiro delegado a investigar as quadrilhas de novo cangaço em Mato Grosso.
Luciano atuou também na Delegacia Especializada de Roubos e Furtos de Veículos em Cuiabá. Foi Diretor Metropolitano da Polícia Civil e atualmente está no setor de desaparecidos da Delegacia Especializada de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP), onde atenderá os casos motivados por intolerância religiosa.